quarta-feira, 29 de setembro de 2010

Fobia Social: Mais do que timidez


A fobia social é mais do que timidez : envolve uma ansiedade tal nos contactos sociais que pode levar ao suicídio. A boa notícia é que o tratamento permite restaurar a confiança e, com ela, a qualidade de vida.




Quem nunca se sentiu nervoso e ansioso em determinadas situações? Num primeiro encontro, numa entrevista de emprego, na apresentação pública de um trabalho? Provavelmente, já todos sentimos aquela sensação estranha no estômago que nos faz recear o fracasso.
Mas há pessoas para quem qualquer uma destas situações sociais é causa de extrema ansiedade, deixando-as mergulhadas num receio inexplicável e levando-as a fugir, às vezes literalmente, do contacto com outros. São pessoas para quem o simples uso de um telefone ou de uma casa de banho pública, uma simples ida ao restaurante ou a uma loja se revelam experiências difíceis. Iniciar uma conversa com alguém, permanecer num espaço com desconhecidos, entrar numa sala quando todos já estão sentados são igualmente momentos dolorosos, a evitar a todo o custo.
Estas pessoas sofrem de um medo irracional de actividades ou situações que envolvam a interacção social - sofrem de desordem de ansiedade social ou fobia social, caracterizada por múltiplos e complexos sintomas. A nível físico, a ansiedade é denunciada por rubor, suores, tremores, náuseas, tensão muscular, dificuldade em falar, mãos húmidas e frias, palpitações, perturbações do estômago e dificuldade em fazer contacto visual.
Já no domínio dos sintomas emocionais e comportamentais evidencia-se um medo intenso de estar em situações com pessoas desconhecidas, o receio de ser julgado pelos outros, de ser humilhado ou embaraçado, mas também o receio de que os outros percebam a ansiedade.
Associadas a estes sintomas andam geralmente características individuais como uma elevada sensibilidade à crítica, um défice de competências sociais, dificuldade em ser assertivo e uma baixa auto-estima.
Esta ansiedade levada ao limite é verdadeiramente perturbadora da qualidade de vida, dificultando actividades do quotidiano como ir para a escola ou para o emprego. Mas também frequentar um restaurante ou ir a uma festa. A pessoa fica tão preocupada com a possibilidade de a fobia se manifestar que foge de todas as situações que a possam desencadear. Mas o pior é que esta preocupação é quanto baste para que os sintomas se declarem e se agravem. É um ciclo vicioso.

Genes e ambiente
A fobia social é complexa nas suas manifestações e nas causas. Tal como outras desordens do foro mental, resulta de uma interacção entre genes e ambiente. Não há uma investigação decisiva, mas tudo aponta no sentido de uma causalidade múltipla, em que a hereditariedade desempenha um papel de contornos ainda pouco claros.
É que há famílias com mais propensão do que outras, mas não há a certeza de que essa tendência seja genética ou aprendida.


Crianças tímidas
A timidez é comum na infância. E partilha alguns sintomas com a ansiedade social: rubor, sudação intensa, tensão muscular, palpitações e tremuras. São sintomas que estão presentes em crianças que não se sentem à vontade no contacto com outras, quer seja na sala de aulas, quer seja nos espaços de recreio.
Estas crianças desejam, tal como as demais, ser aceites, mas têm dificuldade em fazer e manter amizades por carecerem de habilidades sociais. Tornam-se solitárias, sendo a sua timidez frequentemente interpretada como falta de interesse. Podem acabar por ser ignoradas e excluídas, podendo acontecer que os pares se aproveitem das suas características para exercer o poder, abusando delas.
A timidez está associada a uma dificuldade em expressar as emoções, podendo levar estas crianças a escondê-las, o que lhes causa um elevado desgaste emocional.
São diversos os factores que ajudam a explicar a timidez infantil, nomeadamente a falta de vivências sociais, o elevado nível de ansiedade dos pais, bem como experiências difíceis vividas anteriormente.
Dado o risco de a timidez evoluir para ansiedade ou fobia social, importa contrariá-la, estimulando na criança comportamentos mais extrovertidos, transmitindo modelos positivos e proporcionando-lhe experiências sociais.


Foto: retirada da internet


1 comentário:

Ines Gomes disse...

Andas a fazer investigação?

Obrigada pelos comentários no blog...ah e respondi-te lá!

**anjuhnegruh